Página Ilustrada (2)

Exposição Página Ilustrada.

Com os ilustradores Romero Cavalcanti (Globo), Guidacci (ex-Pasquim) e o mestre Trimano.

Exposição Página Ilustrada (2).

Da esquerda para a direita, o jornalista Álvaro Caldas, Tizuco, Trimano, o caricaturista Cassio Loredano, eu e a editora Ana Lúcia (Senac).

Página ilustrada

Exposição Luiz Trimano - UniverCidade, 2007

Este é o texto que escrevi para o folder da exposição de Luiz Trimano, que ocorre na UniverCidade, de 8 a 22 de agosto. Abre aspas:

Eu tive o privilégio de conhecer mais de perto e de trabalhar com Luis Trimano durante o período em que estive no Senac Nacional, no Rio de Janeiro. Eu era designer e ele, ilustrador.

Pelas mãos de Arthur Bosisio, fui incumbido da desafiadora missão de redesenhar o projeto gráfico-editorial do Boletim Técnico, uma revista de cunho teórico e acadêmico, focada em artigos sobre formação profissional e sobre o mundo do trabalho – uma tarefa bem à altura dos novos Macs, esses maravilhosos aparelhos pioneiros no Brasil dos anos 90, que o Senac tinha acabado de trazer.

Ao ler os artigos, em busca das informações para fundamentar o projeto, não tive dúvidas: seria imprescindível recorrer ao apoio visual de um traço forte, dramático, que expressasse – sem ser panfletário -, a agonia e o sentimento do ar rarefeito da opressão social sobre os menos favorecidos, em nossa sociedade dividida, cujos problemas agudos de exclusão social as questões acadêmicas da educação profissional latino-americana apenas palidamente refletiam.

O nome de Luis Trimano era a solução que naturalmente se impunha, a partir da observação de sua linha refinada, e apontava a perfeita interação entre páginas e ilustrações, entre colunas, textos, olhos, vinhetas, grides e recortes. O convite ao mestre argentino foi, portanto, o desdobramento lógico de um projeto concebido para o sucesso.

Um dos maiores desenhadores gráficos do país, influência para grandes artistas como Cássio Loredano, Chico Caruso, Lula, Cavalcante e tantos outros, Trimano demonstrou, nesses dez anos de trabalho junto ao Senac, de que modo seu olhar agudo seria capaz de digerir as influências do cinema noir americano, dos cartazes políticos cubanos, dos comics, do neo-realismo italiano e da pop art – em um improvável diálogo com teorias acadêmicas e questões institucionais da educação, extrapolando em grito o espaço meramente racional do diagrama.

Seus trabalhos, mostrados aqui, não perdem em nada em qualidade e importância para os seus famosos cartazes de teatro, capas de livros ou desenhos para a imprensa alternativa, durante os “anos de chumbo”. Acredito que esta exposição possa representar uma aula completa e de inestimável valor para os jovens estudantes de Desenho, já que a personalidade angustiada do artista nunca traiu o princípio da busca pela profundidade estética.

Obrigado, Trimano, por nos presentear com estas belas e contundentes páginas ilustradas.

Fecha aspas.

Arquitetura versus design de informação

Um campo limítrofe à Arquitetura de Informação é o design de informação. Richard Wurman, que cunhou a expressão Arquitetura de Informação, desenvolveu diversos trabalhos profissionais na qualidade de designer de informação para vários veículos, contribuindo para a confusão. Deve-se esclarecer os conceitos e as diferenças entre os campos distintos, porém complementares, que muitas vezes se confundem. Para Rosenfeld e Morville, os “arquitetos de informação fazem design, e os designers fazem arquitetura de informação”.

A expressão Arquitetura da Informação foi apropriada por biblioteconomistas para definir o projeto de sistemas de armazenamento e recuperação de informações na web. Louis Rosenfeld e Peter Morville foram os principais propagadores desta idéia. Mas a definição inicial de Wurman era mais ampla, incluindo também museus, livros, jornais, cd-roms ou qualquer meio de transmitir informação.

O fato é que a atividade de design de informação nasceu bem antes que os conceitos de Arquitetura de Informação, embora compartilhem o objetivo comum de tornar claro o que é complexo. A utilização de figuras abstratas, ilustrações e desenhos para apresentar informações, medidas e dados não é uma invenção recente. Surgiu em 1750-1800, depois do advento dos logaritmos, das coordenadas cartesianas, da teoria da probabilidade e do cálculo.

Os primeiros diagramas estatísticos foram criados por J. H. Lambert (1728-1777), um matemático suíço-germânico, e por William Playfair (1759-1823), um economista inglês. Menos conhecido, mas igualmente importante, é o nome de Florence Nightingale (1820-1910). Playfair inventou o gráfico de barras, o gráfico de pizza, o de série temporal e o de área variável, em uma série de ilustrações publicadas em livros. No Brasil, já em 1872, há registros do uso de representações gráficas para apresentar dados do recenseamento.

Ao contrário do marketing e da publicidade, cujo propósito é a persuasão, o design de informação procura apresentar as informações de modo objetivo, para capacitar o leitor a tomar decisões. Os designers de informação transformam a informação (dados brutos, listas de ações ou processos) em modelos visuais capazes de revelar a sua essência. Eles são os intermediários entre historiadores, economistas e estatísticos e as suas audiências.

Em tempo: em outubro, acontecerá o congresso da Sociedade Brasileira de Design da Informação, em Curitiba.