Tributo a Tatsuo Yoshida

Fui assistir com meu filho ao divertido filme Speed Racer (Mach Go! Go! Go!) que faz uma releitura gráfico-sensorial do clássico seriado para a TV que marcou a minha infância e toda uma geração de pivetes.

Nesta adaptação os irmãos Wachowski (ver trilogia Matrix) elevaram o produto quase à categoria de arte. Pode ser que daqui a alguns anos o “Speed Racer dos Wachowski” seja cultuado com reverência pelos novos fãs do animé. Algumas cenas equivalem à sensação visual obtida nos games.

No link do Youtube, a introdução original em japonês desse herói criado em 1967 pelo talentoso desenhista autodidata Tatsuo Yoshida (1932-1977), que compreendeu a linguagem dos mangás transpostos para a TV e seguiu os passos de Osamu Tezuka (Astro Boy). Além de Speed, Yoshida criou também a série dos Agentes Fantasma (1964), uma equipe de ninjas modernos (que tinham a capacidade de pular para trás, em Rewind), a serviço do governo japonês, apresentada no Brasil, na década de 70.

Quando era criança levei alguns tombos tentando pular como eles 🙂

Pequena história da arquitetura de informação e usabilidade no Rio de Janeiro

Esta mensagem foi postada pelo Robson (em comentário a uma mensagem minha) na lista de Arquitetura de Informação. Há tempos estava querendo colocá-la aqui, como um registro de um pouco de história (embora ainda bastante incompleto). Abre aspas:


O Agner citou o LEUI, na PUC-Rio. Ainda há o fato de o primeiro curso de mestrado em Design ter sido criado no Rio e de ter contado com a hipercompetente presença da Dra. Anamaria de Moraes no corpo docente, o que deu um grande estímulo aos estudo de ergonomia e usabilidade para interfaces de interação humano-computador desde os anos de 1990. Em 2003 teve início a primeira turma do curso de doutorado em Design, com a primeira tese de doutorado em desgin relacionada a interfaces para recuperação de informação na web, defendida em 2006.

Já em 1999 foi criado o curso Design de Interfaces, no Centro Universitário Carioca, onde assuntos como ergonomina, usabilidade e AI sempre estiveram na pauta. Além disso, desde 2001 oferecemos cursos de usabilidade na PUC-Rio, inicialmente como workshops, passando por cursos de extensão e hoje temos uma pós-graduação bastante reconhecida, por onde passaram pessoas de vários
estados brasileiros e profissionais de várias grande empresas, como TIM, Globo.com, Neoris, Globo Online entre outras.

Também por iniciativa do LEUI, há oito anos foi realizado o primeiro Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade e Design de Interfaces e Interação Humano-Computador USIHC). É um evento fortemente pautado em apresentar e discutir estudos em ergonomia e usabilidade de sistemas e interfaces digitais e este ano será realizdo no Maranhão (em 2007 foi em Camboriú e em 2006 foi em Bauru).

Essa massa crítica formada na cidade deu origem a outras iniciativas, como o curso de pós-graduação em Webdesign na UniverCidade, o curso de Projeto de
Interfaces Gráficas para Mídias Integradas e o curso de Arquitetura de Informação, ambos na ESPM Rio. Em paralelo, profissionais e pesquisadores do Rio (e tem muito profissional-pesquisador e vice-versa) frequentemente se unem para organizar palestras, workshops e eventos, como o Dia Mundial da Usabilidade (WUD-RJ), que dá visibilidade à área.

Empresas que investem em AI e em usabilidade também estão localizadas no Rio, como Globo.com e Globo Online, Sirius Interativa e Simples Consultoria.

Assim, fica claro que não se trata de bairrismo, e sim falar a respeito de trabalho realizado ao longo do tempo. É muito bom refletirmos sobre a história recente para entender o crescimento da área [Robson Santos]

Só vou inserir aqui um adendo meu:

Em outros estados também têm sido gerados trabalhos acadêmicos importantes sobre Arquitetura de Informação, contribuindo assim para a criação de uma massa crítica sobre o tema, como as dissertações de Guilhermo Reis (USP), Flávia Macedo (UnB), e a monografia de Belkiss Marcorio (GO) [Luiz Agner].

Feedback das consultas públicas do e-Gov

No início deste ano, eu recebi um convite para participar da consulta pública do e-Gov para opinar sobre a elaboração de uma guia de Recomendações para Codificação de páginas, sítios e portais do governo federal.

Pois bem, agora eles me enviaram o retorno, que registro a seguir. Vamos ficar atentos, pois no segundo semestre haverá a publicação de novas recomendações, desta vez sobre Design, usabilidade, webriting e/ou AI.

A consulta, como o próprio nome diz, é pública (o que, em si, é uma iniciativa louvável e previne a publicação de normas com erros ou mal elaboradas) e foi realizada através do site: https://www.governoeletronico.gov.br/consulta-publica

Abre aspas:

Governo Eletrônico: Consultas Públicas

Item: Recomendações para Codificação de páginas, sítios e portais
Sua contribuição: Antes de mais nada, gostaria de elogiar a louvável iniciativa de produzir estas guias e recomendações para sites.
Logo após o trecho em que está escrito: Evitar expressões redundantes como “bem-vindo ao sítio do ministério x” ou “sítio do ministério x”, “página”, “homepage”, entre outros; sugiro que se adicione evitar o emprego de siglas de instituições ou de seus departamentos, projetos ou programas.
Sua justificativa: Muitas vezes, determinados acrônimos ou siglas fazem parte do vocabulário interno das organizações públicas, mas podem não ser de conhecimento amplo de toda a população de usuários. Deve-se dar preferência ao nome da organização ou projeto por extenso.
Resposta : Recomendação aceita e incluída no documento.
Status Aceite: Acatada

Governo Eletrônico: Consultas Públicas

Sua contribuição foi analisada e julgada conforme dados a seguir:

Consulta Pública: Recomendações para Codificação de páginas, sítios e portais
Item: Recomendações para Codificação de páginas, sítios e portais
Sua contribuição: Na parte onde se coloca que: “Sempre que possível recomenda-se a utilização de usuários com necessidades especiais para efetuar testes nas páginas do sítio.”
Deve-se incluir também uma orientação para que, sempre que possível, sejam realizados também testes com usuários pertencentes ao público-alvo do website – Os testes de usabilidade.
Sua justificativa: O teste de usabilidade é o processo que envolve o feedback vivo de usuários operando tarefas reais. É o processo de aprender a partir dos usuários, sobre a usabilidade de um produto, observando-os durante a sua utilização. Define se os usuários podem encontrar e utilizar os recursos, dentro do tempo e com o esforço que desejam despender.
Os testes com membros do público-alvo de usuários podem ajudar a aprimorar a usabilidade e a arquitetura de informação dos sites, assim como os testes com usuários com necessidades especiais podem ajudar a melhorar sua acessibilidade.
Resposta: Na cartilha em questão os testes sugeridos são para a detecção de erros ou complicações no código. Os testes de usabilidade serão discutidos, de forma extensiva, na Cartilha de Usabilidade, a ser lançada. A recomendação foi enviada para a equipe da cartilha.
Status Aceite: Acatada

Governo Eletrônico: Consultas Públicas

Sua contribuição foi analisada e julgada conforme dados a seguir:

Item: Recomendações para Codificação de páginas, sítios e portais
Sua contribuição: Gostaria de parabenizar pela iniciativa de publicar estas recomendações de codificação, mas também sugerir que novas guias sejam desenvolvidas, contemplando a usabilidade, o design, o webwriting e a arquitetura de informação, especificamente.
Sua justificativa: Diversos problemas de acesso da população aos sites de órgãos públicos podem estar não centrados nas questões simplesmente tecnológicas, mas também na estruturação da informação, na sua compreensão e na sua apresentação visual (design de interfaces), causando erros ou desestimulando a interação com os sistemas. Por isso, novas guias contemplando estes aspectos estão sendo aguardadas para futuro próximo.
Resposta: As cartilhas citadas estão em produção. Planeja-se o lançamento de pelo menos duas para consulta pública no segundo semestre de 2008.
Status Aceite: Acatada

Governo Eletrônico: Consultas Públicas

Sua contribuição foi analisada e julgada conforme dados a seguir:

Consulta Pública: Recomendações para Codificação de páginas, sítios e portais
Item: Recomendações para Codificação de páginas, sítios e portais
Sua contribuição: Sugiro a reformulação da seguinte frase:
Somente por meio da eficácia e da eficiência é
possível aumentar a satisfação dos usuários de serviços eletrônicos e conquistar, gradativamente, uma parcela cada vez maior da população.
Sua justificativa: As palavras eficácia, eficiência e satisfação são os 3 pilares básicos da definição de Usabilidade (segundo norma ISO). O emprego aqui pode criar confusão, na possibilidade de publicação futura de guias específicas, pois esta guia trata somente de padrões web e codificação.
Resposta: O texto foi reescrito. No entanto, os termos eficácia, eficiência e satisfação são adjetivos utilizados em diversas áreas não podendo ser propriedade desta ou daquela.
Status Aceite: Acatada

Bem, no final, só um comentário: até onde sei, os termos eficácia, eficiência e satisfação não são adjetivos e sim substantivos. 🙂

Chat sobre Ergodesign e Usabilidade (2)

Reproduzo aqui trechos selecionados do chat durante o curso de Webdesign da Arteccom:

[21:07] Hunald Vale – Gostaria de saber um poco sobre portais governamentais. Seria indicado uma padronização? não seria mais fácil passar de um site do TJ pro site de um ministério sem se sentir perdido?
[21:07] Hunald Vale – ufa!
[21:08] Luiz Agner – Acho que vc deve estudar um pouco sobre o conceito de governo eletronico (e-gov)
[21:09] Luiz Agner – as instituições publicas adoram pensar q vao resolver todos os problemas com a padronizacao
[21:09] Camila Batistão – isso é verdade…
[21:09] Luiz Agner – mas o conceito de e-gov se centra no publico-alvo, nos usuarios…
[21:09] *** Wallace Vianna entrou na sala
[21:09] Hunald Vale – é vero,……….e não nas empresas(governo)
[21:09] Luiz Agner – padronizar tudo pode nao ser uma boa soluçao
[21:10] Wallace Vianna – Luiz Agner já chegou (risos)?
[21:10] Luiz Agner – levando em consideraçao de que cada serviço do governo, em suas diversas instancias, tem o seu publico-alvo especifico
[21:10] Camila Batistão – mas luiz, no caso de sites do governo pessoas de alta e baixa escolaridade acessam o site, correto??
[21:10] *** Alexandre Henrique entrou na sala
[21:11] Camila Batistão – ahhh
[21:11] Luiz Agner – a padronizaçao neste caso pode resvalar em uma burocratizaçao do design
[21:11] Luiz Agner – o conceito de governo eletronico eh centrado no cidadão
[21:11] Wallace Vianna – Perdí muita coisa em 10 minutos!
[21:12] *** Paulo Marcos entrou na sala
[21:12] Camila Batistão – sendo o publico o cidadão devemos considerar a taxa de escolaridade???
[21:14] Luiz Agner – como o cidadao brasileiro eh muito diversificado, torna-se muito importante neste caso o estudo do perfil dos usuários.
[21:15] Luiz Agner – O governo eletronico é um conceito novo e que significa muito mais do que um governo informatizado. Trata-se da utopia de um Estado aberto e ágil para atender as necessidades da sociedade e envolve utilizar tecnologias de informação e comunicação para ampliar a cidadania, a transparência e a participação dos cidadãos.
[21:20] Lenon Della – Luiz, qual a definição para “ergodesign” ?
[21:22] Luiz Agner – quando um projeto (design) eh desenvolvido com base em preceitos de ergonomia, estamos diante do ergodesign.
[21:23] Luiz Agner – ou seja, incorporando ao design elementos de pesquisa com os usuarios, na sua interaçao homem-maquina.
[21:23] Luiz Agner – isto eh o ergodesign.
[21:25] Cláudia Maria – como assim “elementos de pesquisa”?
[21:27] Luiz Agner – elementos provenientes da pesquisa com os usuarios. Ate onde sei, a ergonomia nao tem formulas prontas, eh preciso levantar dados sobre a eficacia de utilizacao junto aos usuarios.
[21:41] Cláudia Maria – Luiz, gostaria de entender melhor o que é ergodesign. Ainda não consegui saber exatamente o que é.
[21:43] Luiz Agner – o ergodesign eh o design que trabalha com os principios da ergonomia…
[21:43] *** Caroline de Mattos entrou na sala
[21:43] Luiz Agner – a ergonomia estuda a interaçao homem-maquina, com foco no ser humano, e nao na maquina…
[21:44] Luiz Agner – ou seja, foca as suas premissas de projeto nas questoes humanas, e nao nas questoes estritamente tecnologicas…
[21:44] Hunald Vale – seria então uma das vertentes da IHC?
[21:45] Luiz Agner – a tecnologia tem as suas logicas especificas, mas o ser humano se comporta segundo logicas diferenciadas e proprias…
[21:46] Luiz Agner – que podem envolver questoes culturais, educacionais, cognitivas, psicologicas etc…
[21:52] Luiz Agner – o ergodesign sempre pesquisa o comportamento dos usuarios. para isto, existem varias tecnicas de pesquisa. os testes de usabilidade sao apenas uma das tecnicas possiveis.